Vanuza Camargo Durães, Edilene Simões Costa dos Santos

Da sociedade à sala de aula: entre a evolução tecnológica e os desafios educacionais

Introduction

Da sociedade à sala de aula: entre a evolução tecnológica e os desafios educacionais. Analisa a evolução da tecnologia no ensino de matemática no Brasil (1980-2000), abordando desafios educacionais, formação docente e a necessidade de uma aprendizagem crítica.

Abstract

O artigo analisa a trajetória da inserção das tecnologias no ensino de matemática no Brasil, desde o período da Guerra Fria, até a atualidade (1980-2000). Se inicia do Movimento da Matemática Moderna e das trocas internacionais ocorridas mesmo durante a Ditadura Militar, como visitas de teóricos ao país e projetos com apoio do MEC. O texto destaca programas como ProInfo, criados com o intuito de promover o usa da informática na educação básica, além da importância da formação docente voltada para o uso dessas ferramentas. Ainda assim, os resultados nem sempre foram positivos, revelando desafios como o tecnocentrismo e o analfabetismo semiótico, que comprometem a compreensão dos conteúdos matemáticos mediados por tecnologia. É defendido por meio destes que a presença tecnológica não deve se restringir ao uso instrumental, mas exige uma formação crítica que considere os aspectos simbólicos e cognitivos envolvidos na aprendizagem digital. Com base em autores como Santaella, Vieira Pinto e Costa e Silva, é feita uma análise sobre o uso acrítico das tecnologias e a necessidade de superar a visão de que elas, por si só, solucionam os problemas educacionais. Por fim, o artigo propõe uma reflexão sobre a urgência em se repensar as estratégias de ensino, considerando os avanços tecnológicos, mas sem desconsiderar a complexidade da educação e da formação humana.

Review

O artigo "Da sociedade à sala de aula: entre a evolução tecnológica e os desafios educacionais" oferece uma análise histórica e crítica bastante pertinente sobre a inserção das tecnologias no ensino de matemática no Brasil. Ao traçar esta trajetória desde o período da Guerra Fria, com foco nos anos 1980 e 1990, o texto contextualiza de forma eficaz a evolução, abrangendo momentos cruciais como o Movimento da Matemática Moderna, os intercâmbios internacionais mesmo durante a Ditadura Militar e a implementação de programas nacionais como o ProInfo. Esta perspectiva diacrônica é fundamental para compreender as raízes e as complexidades dos debates atuais sobre tecnologia na educação, apresentando um panorama rico e bem fundamentado. A principal contribuição do trabalho reside na sua crítica aprofundada à adoção meramente instrumental das tecnologias. O artigo identifica com perspicácia desafios persistentes como o tecnocentrismo e o analfabetismo semiótico, que frequentemente impedem uma compreensão mais profunda e crítica dos conteúdos matemáticos mediados por ferramentas digitais. Ao se apoiar em autores como Santaella, Vieira Pinto e Costa e Silva, os autores defendem com rigor a necessidade de uma formação docente e discente que vá além do uso técnico, abordando os aspectos simbólicos e cognitivos envolvidos na aprendizagem digital. Esta argumentação é crucial para desmistificar a crença de que a tecnologia, por si só, é a solução para os problemas educacionais. Em suma, este artigo é uma leitura valiosa e oportuna para educadores, formuladores de políticas e pesquisadores da área de tecnologia educacional. Ele não apenas documenta uma história relevante, mas também provoca uma reflexão essencial sobre a urgência de repensar as estratégias de ensino. Ao enfatizar que os avanços tecnológicos devem ser considerados sem desconsiderar a complexidade inerente à educação e à formação humana, o trabalho reitera a primazia da pedagogia crítica sobre a mera inovação tecnológica, contribuindo significativamente para o debate sobre o futuro da educação digital.

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