Flavio Pereira Senra, Rafael Ottati

MÚSICA MEDIEVAL CONTEMPORÂNEA?

Introduction

MÚsica medieval contemporÂnea?. Explore como a música popular contemporânea usa temas medievais para refletir questões atuais. Analisa intenções ideológicas e a criação de 'medievalidades' baseadas em fantasia, não história.

Abstract

O presente ensaio tem como objetivo investigar as formas como o universo temático medieval é utilizado em determinados segmentos da música popular contemporânea. No texto, as intencionalidades ideológicas por trás de tal abordagem temática são analisadas, de forma que, através de elementos de um (suposto) passado medieval, seja possível espelhar questões da era hodierna. Para tal intento, os autores discutem como a criação dessas medievalidades, contrariando a crença popular, não seguem necessariamente critérios de cunho histórico, e sim, parâmetros mais ligados ao que se convencionou a rotular como fantasia medieval. Dessa forma, mais do que uma reapropriação da Idade Média na Contemporaneidade, percebe-se uma (re)criação e/ou invenção da mesma.

Review

O presente ensaio promete uma contribuição instigante e interdisciplinar ao explorar a complexa intersecção entre a música popular contemporânea e o imaginário medieval. O título, "MÚSICA MEDIEVAL CONTEMPORÂNEA?", já sugere a provocação central, que é bem desenvolvida no resumo: a análise de como temas medievais são ressignificados em nossa era. A proposta de investigar as intencionalidades ideológicas por trás dessa apropriação temática é particularmente valiosa, posicionando o trabalho além de uma mera descrição para um exame mais profundo das motivações culturais e sociais que levam à projeção do passado no presente. Um dos pontos mais fortes delineados no resumo é a desmistificação da crença popular de que tais apropriações seguem critérios históricos rigorosos. Pelo contrário, o ensaio argumenta convincentemente que essas "medievalidades" são frequentemente construídas sobre parâmetros da fantasia medieval, servindo como um espelho para questões hodiernas. Essa distinção entre a história factual e a invenção cultural é crucial, destacando que o interesse não reside na fidelidade histórica, mas na capacidade do passado idealizado de articular ou refratar preocupações contemporâneas. A ideia de uma (re)criação e/ou invenção da Idade Média é um conceito poderoso que o trabalho parece explorar com perspicácia. Em suma, o trabalho se mostra promissor para aqueles interessados em musicologia, estudos culturais e história da recepção. Ao focar na dimensão ideológica e na natureza construída da Idade Média na cultura popular, este ensaio oferece uma lente crítica para entender como as sociedades modernas utilizam o passado para falar sobre si mesmas. A análise da "fantasia medieval" como um motor cultural, em vez de um desvio da precisão histórica, sugere que o artigo fará uma contribuição significativa para o campo, abrindo novas portas para a compreensão da memória cultural e da identidade contemporânea.

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