Eduardo Santos, Miriam Alves, Lívia Reis

MILITARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO E OPINIÃO PÚBLICA

Introduction

MilitarizaÇÃo da educaÇÃo e opiniÃo pÚblica. Analisa a militarização de escolas públicas em Goiás e a opinião pública, examinando discursos e posicionamentos em jornais. Investiga bases socioculturais e o senso comum sobre a política educacional militarizada.

Abstract

Partindo da problematização de enunciados que versam sobre a chancela da população goiana à militarização de escolas públicas da rede estadual, o estudo seleciona e categoriza textos publicados entre 2015 e 2018 no periódico goiano O Popular sobre a temática “escola militar”. A partir de chaves teóricas apresentadas por Bourdieu (2008; 1987), ele descreve e analisa os posicionamentos que ali emergem acerca do processo de militarização das escolas da rede pública estadual de Goiás. Para isso, utiliza-se o conceito de enunciados, em Bakhtin (1997), como elemento que compõe o discurso da opinião pública, cujas características tangem o senso comum sobre a educação e a política de militarização. Em seguida, busca-se compreender como tais posicionamentos são engendrados e articulados enquanto alicerces de uma suposta “opinião pública”. Assim, além do “olhar sociológico” prescrito por Bourdieu, o estudo utiliza chaves teóricas formuladas por Marx e Engels. Para discorrer sobre dinâmicas próprias do ambiente escolar, ele lança mão de Carvalho (2013) e Aquino (2014). Ao longo do texto apresentam-se possibilidades de compreensão das bases socioculturais que dinamizam os posicionamentos que a “opinião pública” manifesta. Ademais, o estudo possibilitou descrever o lugar social em que se operam os discursos que defendem a militarização da educação em Goiás.

Review

Este estudo, intitulado "Militarização da Educação e Opinião Pública", aborda um tema de alta relevância social e educacional, focado na controvérsia da militarização de escolas públicas, especificamente no contexto de Goiás entre 2015 e 2018. A pesquisa propõe-se a analisar como uma suposta "opinião pública" a respeito deste processo é construída e manifestada. Para isso, utiliza-se da análise de textos publicados no jornal *O Popular*, buscando descrever e interpretar os posicionamentos ali emergentes sobre a alegada chancela da população goiana à militarização. A metodologia e o arcabouço teórico são pontos fortes evidentes no resumo. A combinação de chaves teóricas de Bourdieu para o olhar sociológico sobre campos de poder, Bakhtin para a compreensão dos enunciados como componentes do discurso da opinião pública, e a perspectiva crítica de Marx e Engels, promete uma análise aprofundada das bases socioculturais que dinamizam os posicionamentos públicos. A escolha de um periódico regional específico oferece um corpus empírico concreto para investigar como as características do senso comum sobre educação e política são moldadas e articuladas. Para além do que o resumo apresenta, o trabalho final certamente se beneficiaria de uma explicitação mais detalhada sobre como as diversas teorias (Bourdieu, Bakhtin, Marx/Engels) são efetivamente articuladas e operacionalizadas no estudo, dadas suas distintas ênfases. Seria também valioso aprofundar a discussão sobre a relação entre o discurso veiculado pela imprensa e a formação ou representação da "opinião pública" de fato. Por fim, os resultados que descrevem o "lugar social em que se operam os discursos que defendem a militarização da educação em Goiás" são cruciais e aguardados, pois prometem oferecer subsídios significativos para a compreensão das dinâmicas políticas e ideológicas que permeiam o campo educacional brasileiro.

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