Atos Paulo Rodrigues Silva, Guilherme de Moura Cunha

Anulação da diferença

Introduction

Anulação da diferença. Analisa políticas educacionais e curriculares neoliberais no Brasil, o apagamento do professor e a formação para o mercado. Propõe resgatar a função crítica da escola como luta política.

Abstract

Neste ensaio, procuramos tratar como as políticas educacionais e curriculares foram desenvolvidas sob o ideário neoliberal no contexto brasileiro. Consideramos que existe um claro apagamento da figura do professor nos currículos, que, por sua vez, pressupõem que o papel da escola é o da formação de um sujeito preparado para as demandas de um mercado de trabalho cada vez mais dinâmico e flexível. A assimilação de aprendizagens essenciais no currículo refere-se, sob a agenda do neoliberalismo, a uma conformação de subjetividades e a um adestramento de corpos que objetivam a formação de um sujeito competente para agir diante da acumulação flexível e para o autoaprimoramento constante. Notamos que existe, no imaginário dos textos curriculares, uma coordenação de sujeitos em relação a princípios, valores e objetivos, que têm como bases a máxima da eficácia e da produtividade. No entanto, é por meio da própria prática docente, apagada pelos currículos, e das lacunas deixadas por conceitos nele presentes, tomados de assalto dos campos progressistas, que se pode resgatar a função crítica da escola e revitalizá-la como um local de luta política, em que se pode fundar modos de existência distintos dos prescritos pelo ideário neoliberal.

Review

This essay, "Anulação da diferença," offers a timely and incisive critique of how neoliberal ideology has shaped educational and curricular policies in Brazil. The authors compellingly argue that these policies systematically diminish the role of the teacher, reframing the school's primary purpose as preparing individuals for a dynamic and flexible labor market. They highlight how the emphasis on "essential learning" under this paradigm leads to a "conformação de subjetividades e a um adestramento de corpos," ultimately aiming to produce subjects aligned with principles of efficacy and productivity for flexible accumulation. The analysis presented in the abstract is highly pertinent to current global debates on the marketization of education and its societal implications. A key strength of this work lies in its trenchant diagnosis of how neoliberalism operates to standardize educational outcomes and suppress dissenting viewpoints, effectively leading to the "anulação da diferença" as suggested by the title. The abstract effectively conveys the insidious process by which curricula implicitly mold subjectivities, producing individuals conditioned for constant self-improvement in service of market demands. Crucially, the essay transcends mere critique by identifying a powerful space for resistance. The authors provocatively suggest that the very practice of teaching, despite its marginalization in official curricula, and the conceptual "lacunas" left by co-opted progressive ideas, can serve as a potent site to reclaim the critical function of the school and revitalize it as a space for political struggle and the forging of alternative modes of existence. While the abstract clearly outlines a compelling argument concerning both the problem and the potential for resistance, the full paper would benefit significantly from a more detailed exploration of *how* this revitalization might practically unfold. Specifically, providing concrete examples of how specific teaching practices or pedagogical approaches can subvert neoliberal curricula, or how teachers leverage "gaps" in official texts to reintroduce critical perspectives, would substantially strengthen the empirical and practical dimensions of the argument. Further elucidation on the nature of the "diferença" being annulled, and the specific strategies through which it can be consciously reasserted within the classroom and broader school environment, would offer invaluable insights for educators and researchers seeking to challenge the prevailing neoliberal hegemony.

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