Filipe Santos Fernandes, Ana Paula dos Santos Mesquita, João Vitor Pires Vieira, José Carlos Dias Ferreira

Laboratórios, Olimpíadas, Pensamento Computacional: reflexões sobre a juventude entre produções curriculares em Matemática

Introduction

Laboratórios, olimpíadas, pensamento computacional: reflexões sobre a juventude entre produções curriculares em matemática. Análise crítica sobre o currículo de Matemática e a juventude. Investiga como laboratórios, olimpíadas e pensamento computacional moldam vidas e geram exclusão neoliberal.

Abstract

Este texto tem como objetivo discutir as relações entre a produção curricular em matemática e os modos de vida esperados para e demandados pela juventude. Para isso, consideramos três práticas que entendemos como produtoras do currículo de matemática – o Laboratório de Ensino de Matemática, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas e o Pensamento Computacional – e que se assumem, no espaço escolar, como estratégicas e benéficas para a vida escolar e pregressa de jovens, fornecendo-lhes competências e habilidades para o convívio social e laboral. Buscamos, então, discutir como os ideários e discursos que produzem tais práticas podem estar associados à elaboração de um pensamento hegemônico e generalista sobre a juventude, fazendo-se reconhecer como mais valiosas certas condutas, conhecimentos, atitudes e aspirações ao mesmo tempo em que torna dissidentes, inadequadas e, muitas vezes, perigosas outras. Por fim, inserimos essas práticas em uma perspectiva educacional neoliberal, na nomeação, classificação e hierarquização de jovens a partir de marcas que, ao caracterizarem relações de sucesso ou insucesso com o conhecimento matemático escolar, passam a ser determinantes na configuração de certos modos de vida e na produção de processos de exclusão pelo currículo.

Review

This paper offers a timely and critical examination of the intertwined relationship between mathematics curriculum production and the societal expectations placed upon youth. Focusing on three key practices – the Mathematics Teaching Laboratory (LEM), the Brazilian Mathematics Olympiad for Public Schools (OBMEP), and Computational Thinking – the authors aim to uncover how these seemingly beneficial initiatives contribute to shaping specific modes of life for young people. The abstract effectively introduces the paper's intention to discuss the inherent contradictions where practices, ostensibly designed to equip youth with essential skills, might simultaneously reinforce particular social and professional ideologies. The central argument posits that the discourses surrounding these practices, while promoting competencies for social and labor life, inadvertently foster a hegemonic and generalized view of youth. By valorizing certain behaviors, knowledge, and aspirations, the curriculum effectively marginalizes or even stigmatizes alternative ways of being and knowing as "dissident, inadequate, and often dangerous." The paper effectively situates these processes within a neoliberal educational framework, suggesting that the categorization and ranking of young individuals based on their engagement with school mathematics can profoundly influence their life trajectories, ultimately leading to processes of exclusion. This critical lens promises to shed light on how educational success in mathematics is constructed and what implications this has for social stratification. Overall, this work presents a highly relevant and incisive critique of contemporary mathematics education. Its analysis provides valuable insights into how educational practices, often presented as neutral or advantageous, can become powerful mechanisms for social reproduction and the enforcement of specific societal norms. By connecting curriculum design with broader neoliberal agendas and their impact on youth identity and opportunity, the paper makes a significant contribution to curriculum studies and the sociology of education. This critical perspective is essential for fostering a more equitable and inclusive educational environment, prompting a crucial re-evaluation of current educational policies and their unspoken implications for young people's lives.

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